“Da Amazônia brasileira quem cuida é o Brasil”, diz general. Desmatamento cresce mais de 13% na região

Segundo matéria publicada nesta terça-feira (12) pela Agência Brasil, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, afirmou, na manhã de hoje, que há entidades e organizações não-governamentais (ONGs) estrangeiras, além de autoridades internacionais que querem interferir no tratamento dispensando à Amazônia brasileira. Segundo ele, o tema é de “soberania” nacional. “Da Amazônia brasileira quem cuida é o Brasil.”

“Não vou me meter na Amazônia colombiana, eles fazem o que eles quiserem. Na Amazônia peruana eles fazem o que eles quiserem, desde que o que for feito não afete a integridade ecológica da nossa Amazônia”, disse o general no velório do jornalista Ricardo Boechat, em São Paulo.

Dados divulgados pelo próprio governo, através do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES), desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), mostram que entre agosto de 2017 e julho de 2018, foi registrado aumento no desmatamento da Amazônia de 13,7% em relação aos 12 meses anteriores. Foram suprimidos 7.900 km2 de floresta amazônica, o que equivale a mais de cinco vezes a área da cidade de São Paulo.

Essa é a maior taxa divulgada desde 2009, ano em que se registrou 7.464 km². Os estados que mais desmataram foram Pará (35,9%), Mato Grosso (22,1%), Rondônia (16,7%) e Amazonas (13,2%).

O general não disse o pensa que o Brasil deveria fazer caso algum desses países tome medidas que “afetem a integridade ecológica” da região. Considerando que as ações em uma parte do bioma podem afetar toda a região, seria relevante saber o que pensa o novo regime brasileiro sobre o assunto.

Para o ministro, cada país deve ser responsável por sua soberania. “O Brasil não dá palpite no deserto do Saara, na Floresta da Ardenas, no Alasca, cada país cuida da sua soberania. Eu estou preocupado que o sínodo não entre em assuntos que são afetos a soberania.”

Confronto Com a Igreja Católica

O ministro respondeu a perguntas sobre as discussões no Sínodo Extraordinário de Bispos sobre a Amazônia, organizado pela Igreja Católica, que ocorrerá em outubro, no Vaticano. As discussões no Sínodo serão em torno do tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e por uma ecologia integral”.

“O que eu acho que tem que ser uma preocupação nossa é não deixar que entidades estrangeiras, ONGs estrangeiras, chefes de Estado estrangeiros, às vezes por trás dessas ONGs, queiram dar palpite em como deve ser tratada a Amazônia brasileira”, afirmou Heleno.

Dias atrás foi divulgado que “arapongas” da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), controlada pelo general Augusto Heleno, espionam padres e bispos da Igreja Católica. O governo de Jair Bolsonaro, sob forte influência das seitas evangélicas – em particular aquelas ligadas à “teologia da prosperidade” como as igrejas “Universal”, “Mundial” e outras – parece ter escolhido como alvo a Igreja Católica por conta de seu perfil progressista e da forte atuação que mantém na Amazônia. A ideia é combater a “agenda de esquerda” e a discussão “com viés ideológico” que os representantes do novo regime dizem estar presentes nas práticas da Igreja Católica.

Segundo o ministro Augusto Heleno, o Brasil tem políticas sustentáveis adequadas e que devem ser respeitadas. “Nós sabemos o que tem que fazer. Nós sabemos fazer desenvolvimento sustentável, segurar o desmatamento. Nós somos o país que menos

desmatou no mundo até hoje. A gente fica engolindo umas coisas que não tem que engolir”

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