A expectativa do governo é arrecadar R$ 12,18 bilhões com esta medida em 2015.
Em 1994, ano que o Plano Real foi criado, o litro da gasolina custava R$ 0,53. Não é sonho nem pegadinha, é verdade. Só que vale lembrar que nessa década o salário mínimo variou de apenas R$64,79 a míseros R$130, 00. Hoje em dia enxergamos que o aumento do preço da gasolina, que custa atualmente, aqui em Parauapebas R$3,85, não ficou tão pra trás em comparação ao aumento do salário mínimo nacional, que hoje é de R$ 788.
“[…] tudo está ficando caro, é conta de luz, é gás, é alimentação, é gasolina, é tudo, eu ganho um salário, graças a Deus eu tenho casa própria e não tenho filhos, imagina como fica uma família vivendo nessas condições, eu sou sozinho e passo por dificuldades, eu fico imaginando quem precisa dessa bolsa família, é lamentável, temos que mudar, nós vivemos num país rico, a gente era para estar no topo e não estamos, é triste e assusta mesmo” disse Rodrigo Barbosa, 30 anos, moto-taxi.
Existem diversos fatores que influenciam no valor final da gasolina (Realização Petrobrás; CIDE, PIS/PASEP e CONFINS; ICMS; Custo do Etanol Anidro; Distribuição e Revenda), e qualquer alteração em pelo menos uma delas terá reflexos, para mais ou para menos, no preço que o consumidor pagará na bomba.
“Retiraram da própria indústria e somos nós que sofremos. Isso é injusto. Por que só nós brasileiros estamos pagando caro por algo que é nosso? algo que é concentrado aqui, é retirado daqui, enquanto os outros países pagam em preço menor? Tudo ficou mais caro, não só a gasolina como outras coisas de consumo. Estamos em crise e isso é de se preocupar mesmo, é algo pra se protestar, eu sou a favor de qualquer protesto que possa existir daqui pra frente” afirmou Otácilo Moreira, 46 anos, autônomo.
A cidade de Parauapebas, Segundo Guilherme Fritchi, gerente de um posto de gasolina, sofre com o aumento de mais de um desses fatores. Em entrevista foi conversado sobre quais são esses fatores que aumentaram para resultar em uma subida nada esperada e surpreendente do preço final do produto em questão e sobre consequências desse aumento:
1 – ICMS: Disse ser o principal aumento sofrido, foi imposto pelo Governo federal e também declarou que quando o governo anunciou um aumento de R$ 0,20, já tinha realizado um pequeno aumento anteriormente que, segundo o entrevistado, não foi anunciado. Também disse que, além do ICMS, houve acréscimo em outras taxas.
2 – Guilherme informou que o frete encarece junto, pois, além do aumento do governo, quem realiza o transporte do combustível entre as cidades utiliza esse mesmo produto que não para de aumentar de preço. Também foi observado pelo gerente entrevistado que aqui em Parauapebas o povo sofre mais do que o povo das regiões vizinhas, já que o preço do combustível aqui é superior ao preço do combustível dos munícios próximos, pois é uma cidade “fim de linha” que não oferece mais saídas pra escoar o transporte dos produtos, já Canaã, cidade vizinha, por exemplo, oferece a estrada do Posto 70.
3 – O entrevistado informou também que o lucro do dono do estabelecimento e, certamente dos outros também, diminuiu consideravelmente, uma vez que muitas taxas subiram inesperadamente e concomitantemente.
Para o presidente do Sincopetro (sindicado dos postos do Estado de São Paulo), José Alberto Gouveia, a gasolina deve ficar ainda mais cara ao consumidor, pois a base de cálculo para a cobrança de ICMS também muda. Segundo ele, o ICMS é recolhido nas refinarias e tem como base um preço médio estipulado pelo governo estadual. “Ainda não sabemos para quanto vai esse valor de referência, mas certamente vai aumentar. O preço final não vai subir apenas R$ 0,22.”
Com o preço da gasolina em alta, a demanda por etanol deve aumentar, o que também pode empurrar os seus preços para cima. Segundo Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro, o potencial de aumento do etanol hidratado é de R$ 0,15 por litro, o equivalente a 70% (paridade entre o preço do álcool e o da gasolina) do R$ 0,22. Em declaração recente o Ministro da fazendo informou, quando questionado sobre a consequência dessa alta do preço da gasolina trará para os outros produtos, que: “isso vai depender da evolução do mercado e da política de preços da Petrobras”.
(Reportagem e edição de texto: Pedro Nascimento).