Obrigado por ter me amado nos dias difíceis – edição 1266

Obrigado por ter segurado a minha mão no dia do exame de sangue porque, meu bem, eu morro de medo de agulhas. De agulhas e de médicos nos corredores mostrando prontuários e dando notícias que podem acabar com o meu dia. Talvez seja um pouco de trauma porque isso me lembra a terça-feira em que eu me despedi da minha mãe num corredor desses, mas você também tava lá por mim e por todos os meus berros e socos na parede. Tava lá quando eu te mandei sair de perto de mim de um jeito grosseiro porque não queria que me visse chorando, porque queria ficar sozinho. Você foi, mas voltou correndo de noite pra me ouvir soluçar. Obrigado por isso também.
Obrigado por todas as vezes em que você me salvou com o antialérgico ou suportou ver alguns episódios da minha série preferida chata pra me fazer companhia. E obrigado por apertar minha mão dentro do elevador pra me lembrar que mesmo que a gente despencasse do décimo sexto andar, eu despencaria com você. E isso torna as coisas mórbidas um pouco mais leves, mesmo que além de claustrofóbico eu morra de medo do escuro e não consiga ver um filme de terror no cinema com você. Você compra pipoca e sugere uma comédia. Obrigado por me fazer aprender a rir de mim.
Obrigado pelo dia em que confundi os remédios e desmaiei no trabalho com rivotril. Me contaram que você chegou correndo e não saiu do meu lado. Disseram que você leu O Pequeno Princípe e eu não devo ter ouvido, mas obrigado.
Obrigado por não ter me deixado quando eu surtava, quando cismava que pistache era melhor que chocolate, quando saía pra beber sozinho e não voltava, quando quase perdi a carteira no avião.
Obrigado por me tranquilizar na turbulência, por segurar comigo o casamento dos meus pais, por me dizer que a gente não era aquilo, meu bem, e que se fosse pra durar que seria com carinho.
Obrigado por aturar os gritos e retribuir com alguma poesia, por me desarmar na hora em que eu iria avançar sobre meu irmão mais novo, por todas as vezes em que meus pais se meteram demais na minha vida.
Obrigado por topar um cachorro quente na esquina porque eu tava quebrado, por comprar brownie e pagar aquele jantar caro de surpresa, por dividir as contas e a vida comigo.
E acima de tudo obrigado por transformar dias difíceis em suportáveis justamente por saber que de uma forma ou de outra eu iria poder te agradecer por estar comigo.

(Fonte: Blog Entre Todas as Coisas).
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