Susipe vai à praça arrecadar livros para bibliotecas em unidades prisionais

A Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe), por meio da Diretoria de Reinserção Social (DRS), lançou na manhã deste domingo (10), na Praça da República, em Belém, o Projeto Reinsere – Leitura nas Unidades Prisionais, promovendo uma grande campanha de arrecadação de livros literários e didáticos. O objetivo é implementar bibliotecas em todas as unidade prisionais do Estado, proporcionando aos internos o acesso à leitura.

“Queremos com essa campanha arrecadar cerca de 5 mil livros para iniciar o abastecimento e implementação de novas bibliotecas dentro das casas penais de todo o Estado. Nosso objetivo é alcançar o acervo de 4 mil livros por unidade prisional, e para isso contamos com o apoio da população e das entidades públicas e privadas, para que possamos alcançar nossa meta e estimular a leitura aos internos do sistema penal”, informou o diretor de Reinserção Social da Susipe, Edwilson Nascimento.

 

Foto: Akira Onuma / Ascom Suspe

Advogada e educadora, Ana Maria Freitas soube da campanha por meio de grupos nas redes sociais e decidiu participar. “Fiquei sabendo desse evento e achei brilhante a ideia, pois devemos estimular e contribuir com a educação dos presos. A educação alavanca o potencial das pessoas, e por meio dela é possível desenvolver uma sociedade melhor. Parabenizo a ação, e acho fundamental a participação da sociedade para que esse projeto possa ter frutos significativos para todos nós”, ressaltou.

Edina Fialho é professora da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e faz parte do Grupo de Pedagogia em Movimento (Gpem), no qual coordena uma pesquisa voltada à educação para Pessoas Privadas de Liberdade (PPL). Ela também foi à praça levar doações de professores da instituição. “Na linha de projeto que desenvolvemos, especialmente os voltados para quem está privado (a) de liberdade, acreditamos no processo de humanização e desenvolvimento social das pessoas em situação de risco. Acreditamos que a partir do momento em que o Estado tem a tutela de uma pessoa, ele passa a ser responsável pelo processo de humanização, educação e sociabilidade, para que quando ela retorne à sociedade tenha a possibilidade de uma vida socialmente humana”, disse a professora.

Atualmente, 26 das 48 unidades prisionais do Estado possuem bibliotecas, mas com um acervo ainda reduzido. Segundo informações da DRS, dois projetos já incentivam a leitura no cárcere: o “Arca da Leitura”, no qual uma estante móvel, com 150 livros, fica sob a responsabilidade de um interno, que percorre o bloco carcerário emprestando livros, e o “Leitura que Liberta”, uma iniciativa da Defensoria Pública e da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), em parceria com a Susipe.

O preso tem até 30 dias para concluir a leitura e produzir um relatório, que é avaliado por uma equipe de professores. Em cada leitura, o detento consegue reduzir quatro dias da pena.

Melhor caminho – A detenta Nazaré Pombo, 44 anos, há dois anos e custodiada pela Susipe, é uma das beneficiadas pelos projetos de incentivo à leitura. “Participo da remição de pena pela leitura e de mais outros dois projetos na casa penal. Através da leitura, eu posso remir a minha pena e, o mais importante, adquirir conhecimento. A leitura nos traz habilidade para escrever e se comunicar melhor. Antes, eu não gostava de ler, e foi no cárcere que eu aprendi a gostar. A leitura é o melhor caminho para ir além, e é imprescindível para possibilitar sonhar com o mundo lá fora”, afirmou a interna.

Foto: Akira Onuma / Ascom Susipe

O secretário Extraordinário de Estado para Assuntos Penitenciários, Jarbas Vasconcelos, acredita que com investimentos em educação é possível diminuir a reincidência criminal. “A educação é fundamental para o processo de reinserção do preso na sociedade, e é a mais efetiva e barata medida de combate à reincidência criminal. A leitura traz reflexão pro preso, e aumenta seus conhecimentos, proporcionando uma percepção da sociedade, dos direitos e cidadania, que cabe a ele próprio e aos outros. Portanto, a leitura é uma atividade que tem um custo baixo para o Estado, e um resultado significativo na ressocialização da pessoa privada de liberdade. Essa será uma das metas da minha gestão: educar e qualificar nossos custodiados. Nós temos hoje no Brasil, e não diferente no Pará, uma estatística clara de que o preso que tem acesso à educação tem um índice de reincidência muito menor do que aquele preso que não estuda”, destacou o secretário.

Cooperativa –  Os produtos confeccionados pela Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe), da Susipe, também foram expostos durante o lançamento do “Reinsere – Leitura nas Unidades Prisionais”.

A Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora é a primeira do Brasil formada exclusivamente por mulheres presas, e já qualificou mais de 200 mulheres. Desse total, nenhuma voltou à criminalidade.

Por Walena Lopes/Agência Pará

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