19 de abril, Dia dos Povos Originários; conheça um pouco sobre os Xikrin, povo indígena que vive na região de Carajás

Hoje dia 19 de abril se comemora o Dia dos Povos Indígenas, a data foi criada em 1943 e tem como objetivo, celebrar as culturas dos povos originários, relembrar as histórias desses povos, e fortalecer a luta pelos direitos dos povos indígenas.

Conheça um pouco sobre os Xikrin, povo originário que vivem na região de Carajás:

Os Xikrin do Cateté, é um dos povo indígenas do nosso país e que vivem em terras firmes de mata tropicais, na região da mata do cipó, próximo do núcleo urbano de Carajás, a area é banhada por rios Itacaiúnas e Cateté.

Os Xikrin falam a língua Kayapó (ou Mebengokré), da família lingüística Jê, tronco lingüístico Macro-Jê. Reconhecem a semelhança de sua língua com  a dos outros grupos e podem também listar as diferenças. Isso é interessante, pois reconhecem, por um lado, uma unidade e identidade lingüística, e, por outro, as diferenças internas a esse grupo maior. Assim, todos os membros de um grupo kayapó se entendem com facilidade, o que não se repete na comunicação dos Xikrin com os outros grupos de língua Jê.

Na aldeia, entre si, os Xikrin usam apenas a própria língua. Homens jovens e que possuem maior oportunidade de contato com a sociedade envolvente falam melhor o português do que os homens velhos, mulheres e crianças.

Todos os grupos kayapó autodenominam-se mebengokré, ou seja,  “gente do buraco d´água” ou “gente da água grande”, referindo-se aos rios Tocantins e Araguaia, cuja travessia foi supostamente a separação do grupo ancestral. As tradições orais kayapó remetem à diferenciação dos povos Jê como tendo ocorrido na área entre os rios Araguaia e Tocantins, no atual estado do Tocantins.

Segundo o mito, os ancestrais dos Jê viviam juntos como um só grupo nessa área até descobrirem uma grande árvore de milho, mas, à medida que recolhiam as sementes, começaram a falar línguas diferentes e se separaram nos diversos grupos jê atuais.

Na sociedade Xikrin, um indivíduo se torna xamã quando vivencia uma situação-limite, durante a qual transpõe uma grande teia de aranha, atinge o espaço celeste, da luz eterna, e tem sua nuca simbolicamente perfurada por um gavião-real, a maior ave deste ecossistema. O xamã, ser sobre-humano, e cujos poderes são adquiridos “extra-socialmente”, é o mediador entre a sociedade Xikrin e a natureza e entre a sociedade Xikrin e o sobrenatural.

O xamã tem o poder de transitar tanto no mundo dos homens como no mundo da natureza. Os humanos, ao longo de suas vidas, acumulam atributos de diferentes domínios cósmicos e se constroem por meio deles. O xamã vivencia, compartilha e se comunica continuamente com estes domínios. Ele detém o papel de intermediador por excelência.

O xamã é um ser pleno: vive na sociedade dos homens, compartilha da sociedade dos animais, do sobrenatural e tem a capacidade de manipular os diferentes domínios. Ele pode, entre tantos outros atributos, negociar com os donos-controladores do mundo animal, uma boa caçada ou uma farta pescaria. Ele é iniciado pelo gavião-real, habitante do mundo celeste, adquirindo assim, a capacidade de voar e, voando, possui uma visão cósmica do universo.

Diz-se, entre os Xikrin, que o xamã, indivíduo que também manipula doenças e resgata a alma que se perdeu do corpo, consegue “ver” no sentido amplo: enxerga o que é invisível aos homens. O xamã, acreditam os Xikrin, vê excepcionalmente bem e somente ele e as aves possuem esta faculdade desenvolvida.

A configuração atual dos grupos Kayapó resulta de um longo processo de mobilidade social e espacial, marcado pela constante formação de facções e cisões políticas. As histórias dessas trajetórias cheias de tensões, conflitos, acusações de feitiçaria e epopéias de líderes, povoam a memória dos Kayapó atuais, sempre contadas e recontadas dramaticamente e detalhadamente pelos mais velhos.  Após sua cisão do grupo ancestral Apinayé,  ocorrida aproximadamente no começo do século XVIII e após ter atravessado o rio Araguaia, os Kayapó cindiram-se no final daquele século. O grupo original permaneceu ocupando a região do Pau d´Arco, afluente do Araguaia e o grupo denominado Pore-kru, ancestral dos atuais Xikrin, rumou em direção ao norte, para a região do rio Parauapebas e Itacaiúnas. Mais tarde, esse grupo cindiu-se em dois: os Kokorekré que ficaram na região do rio Parauapebas e os Put-Karôt, que se deslocaram para a região do rio Cateté, no Alto Itacaiúnas. Os Kokorekre (Kokorekré), que começaram a estabelecer relações de troca com os regionais que subiam o Parauapebas, também foram vitimados por doenças, além de sofrer por volta de 1910, uma pesada matança por parte de uma expedição punitiva de regionais. Com a exploração da borracha, as relações dos Put-Karôt com os regionais deterioraram-se e os índios retiraram-se do Cateté para as cabeceiras do Itacaiúnas. Foi nesta aldeia que um grupo debilitado do Kokorekré se juntou aos Put-Karôt. Por volta de 1926, com medo dos Kayapó-Gorotire, com quem tiveram um longo período de hostilidade, eles migraram para o norte e se instalaram na região do rio Bacajá. Pouco depois, entre 1930 e 1940, um grupo que não se agradara com o lugar, separou-se e voltou para o rio Cateté.

Calcula-se a chegada dos Xikrin na região do Bacajá como tendo ocorrido em 1926 ou 1927. Quando chegaram ao Bacajá, perambularam bastante pelas duas margens do rio, erguendo diversas aldeias e enfrentando, em alguns momentos, os Araweté, os Asurini e os Parakanã. Os confrontos com esses últimos são mais recentes e todos os adultos se lembram deles.

Com informações: Site Povos Originários no Brasil
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