“Atlântida do Norte”: arqueólogos buscam cidade perdida em tempestade

No início de 1362, uma poderosa tempestade assolou a costa norte da Frísia, desencadeando o que ficou conhecido como a “Grande Mandrenke” ou Enchente de São Marcelo. O mar enfurecido rompeu os diques, submergindo não apenas o assentamento de Rungholt, mas também outras comunidades ao redor, totalizando oito vilarejos no mar Frísio.

Rungholt, ao longo dos séculos, ganhou fama como a “Atlântida do Mar do Norte” na Frísia. A lenda dizia que a cidade rivalizava em prosperidade com Roma, mas sua queda foi vista como um castigo divino devido aos excessos e pecados dos seus habitantes.

No início do século XX, arqueólogos descobriram vestígios submersos que reavivaram o interesse pela cidade perdida. Segundo a agência alemã DW, recentemente, pesquisadores identificaram os restos de uma igreja medieval, emergindo das profundezas lamacentas, medindo aproximadamente 40 por 15 metros.

O aumento do nível do mar ao longo dos séculos, intensificado por tempestades devastadoras e sedimentação contínua, transformou profundamente a paisagem costeira do Mar do Norte. Enchentes catastróficas ceifaram vidas e alteraram irreversivelmente a geografia da região, obrigando as comunidades a recuarem cada vez mais para o interior.

Os lodaçais preservaram uma imagem congelada da vida medieval em Rungholt. Arqueólogos encontraram não apenas vestígios de habitações elevadas, chamadas de Warften, mas também sistemas de drenagem, diques e um antigo porto, abrangendo uma área de mais de dez quilômetros quadrados.

Após a devastação de 1362, relatos históricos mencionam a ruptura de 21 diques e especulam sobre um número alarmante de mortes, embora os registros exagerem bastante.

Embora Rungholt fosse anteriormente retratada como uma cidade próspera com milhares de habitantes, evidências arqueológicas mais recentes sugerem que era mais provavelmente um conjunto de colinas residenciais, abrigando uma comunidade menor, talvez em torno de mil pessoas.

A cidade gradualmente se desfez após 1362, com os habitantes enfrentando tempestades sucessivas e contribuindo, inadvertidamente, para o seu próprio declínio através da mineração de turfa, que comprometeu a estabilidade da terra. Apesar de sua ruína, os artefatos encontrados em Rungholt indicam que era um importante centro comercial, onde passaram viajantes e comerciantes de áreas distantes.

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