Os nove corpos – oito deles encontrados dentro de uma embarcação e outro localizado próximo a ela no último final de semana, em Bragança – serão sepultados em Belém. Essa conduta é tomada até que as vítimas sejam devidamente identificadas e “as famílias das vítimas possam ser formalmente comunicadas, adotando-se os devidos canais de cooperação policial e jurídica internacionais”. Até o momento, não foi divulgado quando e onde os corpos serão sepultados.
A PF, junto da Polícia Científica do Pará (PCEPA) fizeram a perícia dos cadáveres. A atividade envolveu mais de 30 pessoas em trabalho multidisciplinar, adotando o padrão de Identificação de Vítimas de Desastres (Disaster Victim Identification, DVI), da Interpol.
O trabalho realizado pelas instituições segue o protocolo da Interpol, o qual a PF faz parte, de Identificação de Vítimas de Desastres (Disaster Victim Identification, DVI), criado em 1984 e que é atualizado a cada cinco anos. Esse método trata do reconhecimento de vítimas de uma grande catástrofe, como um terremoto ou um ataque terrorista. E, consequentemente, a partir desse esforço internacional coordenado entre as autoridades policiais, permitir que as famílias das vítimas “iniciem o processo de cura e que as sociedades se reconstruam”.
As tarefas de DVI são apoiadas por um grupo de trabalho, que incluem peritos forenses e policiais, seguindo diretrizes e programas de treinamento de: cuidado às vítimas e apoio à família; assistência ocupacional para equipes DVI; conformidade com padrões internacionais e controles forenses de garantia de qualidade; compartilhamento e troca de informações e assistência operacional a países que não possuem capacidade de DVI.
Documentos e objetos encontrados junto aos corpos apontam que as vítimas eram migrantes do continente africano, da região da Mauritânia e Mali, “não sendo possível descartar a existência de pessoas de outras nacionalidades”. Há possibilidade das pessoas terem morrido de fome pelo Oceano Atlântico.
Por meio da perícia realizada nos corpos e no barco foi possível identificar que a embarcação era ocupada por ao menos 25 pessoas, que possivelmente morreram de fome ou sede durante o trajeto no Oceano Atlântico. Além disso, a análise preliminar de documentos encontrados também indica que a embarcação partiu após o dia 17 de janeiro deste ano da Mauritânia, país situado no noroeste da África.
As equipes de DVI são designadas em dois tipos de situações. O desastre aberto, comumente associado a terremotos, inundações ou incêndios florestais, quando ninguém sabe quantas pessoas morreram. E o desastre fechado, que existe probabilidade do número de vítimas ser imediatamente estabelecido.