Crônica: Brasil, país de outrora

Ah, o Brasil de outrora. Era um país onde o futuro parecia uma promessa distante e o presente era vivido com a intensidade de quem sabe que o amanhã é incerto.
Lembro-me dos tempos em que as ruas eram invadidas por crianças brincando até o anoitecer, suas risadas ecoando entre as casas de tijolo aparente. Havia um charme nas pequenas coisas, como a senhora que vendia cocadas na esquina, sempre com um sorriso no rosto e um “Deus te abençoe” na ponta da língua.
Nas praças, os velhos amigos se reuniam para jogar dominó, enquanto as jovens moças passeavam com seus vestidos rodados, sonhando com amores que pareciam saídos de novelas de rádio. O cheiro de café fresco invadia as casas ao amanhecer, e o som das galinhas anunciava o início de mais um dia.
O Brasil de outrora era um país de sonhos, de esperança e de uma fé inabalável. As festas juninas coloriam as noites com suas bandeirinhas e fogueiras, e a música caipira contava histórias de uma vida simples, mas cheia de significado. Nas rodas de samba, o batuque do pandeiro e o som do cavaquinho eram a trilha sonora de uma felicidade genuína.
Os bondes cortavam as cidades, levando gente de todo tipo para seus destinos. No interior, os tropeiros ainda percorriam estradas de terra batida, levando mercadorias e notícias de longe. A vida era mais lenta, mas havia um certo respeito pelo tempo, como se cada minuto tivesse um valor que hoje se perdeu.
Ah, o Brasil de outrora, com suas lendas e causos contados à beira do fogão a lenha, onde o calor do fogo aquecia não só o corpo, mas também a alma. As novelas de rádio uniam famílias inteiras em volta do aparelho, e cada capítulo era esperado com ansiedade e emoção.
Era um tempo em que o progresso ainda não havia transformado tudo em concreto e vidro. As matas eram mais verdes, os rios mais limpos e o céu mais estrelado. O barulho das cigarras anunciava o verão, e a chuva caía com a força de quem lava a alma.
Hoje, ao olhar para o Brasil de outrora, sinto uma saudade doce, como aquela que a gente sente de um tempo que não volta mais, mas que vive eternamente na memória e no coração. Era um Brasil que, com todas as suas imperfeições, sabia ser feliz na sua simplicidade.
Autor.ProfDr.gleidinho Lima
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