Conservação ambiental, valorização da cultura e raízes indígenas e ativismo infantojuvenil. Esses são os ingredientes essenciais do 4º Festival Literário e Artístico de Canaã dos Carajás (Flacc), que começou na última quinta-feira (16), no espaço de eventos ao lado do Bosque Gonzaguinha, importante área de preservação do município. O evento acontece até o dia 19 de novembro.
O festival conta com painéis temáticos com a presença de autores convidados de diversos estados do país, 25 stands estudantis, 15 stands para venda de livros, floresta encantada, cinema temático, galeria de arte, área de lazer, playground, praça de alimentação, brinquedoteca e muito mais.
1º dia de evento atraiu mais de 10 mil visitantes
O festival começou no início da tarde, repleto de atrações culturais. Desfile das escolas participantes do festival, apresentações de escolas e homenagem aos membros da Academia Canaense de Letras movimentaram a feira que conta com inúmeros ambientes destinados a educar, divertir e encantar os visitantes.
A cerimônia de abertura contou com apresentações de música e dança por alunos da rede municipal de ensino e um painel sobre educação, política e cultura na Amazônia com a presença da prefeita de Canaã dos Carajás, Josemira Gadelha, do presidente da câmara dos vereadores, Dinilson José, e do escritor paraense Antônio Juraci Siqueira.
Na oportunidade, a prefeita falou do desafio de promover sustentabilidade em uma cidade mineradora: “A pujança econômica que desfrutamos precisa ser reinvestida na preocupação com as pessoas e com o planeta. Por isso, desenvolvemos programas de promoção do bem-estar social, cuidamos das nossas Unidades de Conservação e desenvolvemos diversos programas ambientais. Um belo exemplo, é nosso Parque Veredas dos Carajás. Uma área de 330 hectares que teve o número de queimadas registradas reduzido drasticamente”, afirmou.
Floresta Encantada é um dos destaques da feira
Entre as novidades do evento, a Floresta Encantada levou os visitantes a uma imersão em um mundo de fragrâncias amazônicas, lendas, e literatura. Unindo a paixão pela fauna e flora, experiências sensoriais e sustentabilidade, 13 escolas do município criaram um belíssimo ambiente a partir de materiais recicláveis coletados pelos próprios alunos das escolas do campo e núcleos de educação infantil.
Em sua primeira participação no Flacc, Ana Vitória Viana dos Santos, de 13 anos, ficou entusiasmada com o local. Ela falou da importância em preservar o meio ambiente: “estão queimando muito as florestas, desmatando, estão jogando muitos lixos nos rios. Porque a água é uma coisa importante para nós também.”, disse.
Autores de Canaã dos Carajás vão abrilhantar festival
Entre os destaques do evento está a participação de escritores canaenses. Na programação, Junior Vaz, Manoel Raimundo Franco e Francisco Bonfim Alcobassa vão lançar seus livros na feira. Clara Antonela Andrade, Gabi Silva, Edleuza Ribeiro dos Santos, Elone Fleck e Antônia Rodrigues de Lima mostrarão seus trabalhos aos visitantes.
Mais de 18 mil pessoas vão usar Cardlivro no evento
O Cardlivro tem como objetivo incentivar o acesso à leitura, promovendo a capacitação dos cidadãos. Segundo a Secretaria Municipal de Educação (Semed), gestora do programa, 16.482 estudantes receberão a quantia de R$ 50, 845 professores, R$ 400, e 871 profissionais da Semed, R$200, totalizando 18.198 beneficiados.
O incentivo foi criado na primeira edição do Flacc, em 2019, quando mais de 500 professores receberam o cartão. O Banpará é o operador financeiro da iniciativa e terá um stand para que professores e servidores da secretaria retirem os cartões. Os alunos já receberam os cartões na escola.
Conheça os autores convidados
Daniela Chindler desenvolve projetos na área de educação não-formal há mais de 25 anos,. Elaborou a visita teatralizada da Academia Brasileira de Letras que ficou 15 anos em cartaz. Durante 12 anos, coordenou o programa educativo do Centro Cultural do Banco do Brasil no Rio de Janeiro. Foi curadora de diversas Bienais do Livro.
Lalau e Laurabeatriz trabalham juntos desde 1994 e já publicaram mais de 50 livros. Muitos deles receberam o selo de Altamente Recomendável da FNLIJ entre outras distinções e compuseram acervos de programas federais e municipais de compras de livros, como o PNBE e o PNLD. O livro “Olha que eu viro bicho… de jardim” recebeu o selo Cátedra UNESCO de Leitura PUC/Rio em 2018.
Márcia Kambeba é indígena e nasceu na aldeia Belém do Solimões, do povo Tikuna. É mestra em Geografia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), escritora, poeta, compositora, fotógrafa e ativista. Márcia percorre todo o Brasil e a América Latina com seu trabalho autoral, discutindo a importância da cultura dos povos indígenas.
Marçal Aquino é jornalista e roteirista de cinema e de televisão. Publicou, entre outros livros, os volumes de contos O amor e outros objetos pontiagudos (1999), Faroestes (2001) e Famílias terrivelmente felizes (2003), além das novelas O invasor (2011), Cabeça a prêmio (2003) e Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios (2005). Tem obras lançadas na Alemanha, Espanha, França, México, Portugal e Suíça.
Roni Wasiry Guará é escritor amazonense e educador. Sua produção literária se destina predominantemente ao público infanto-juvenil. Em suas obras e atividades educacionais, o autor divulga os saberes ancestrais de seu povo, atuando como importante expoente na afirmação identitária Maraguá.
Uendy Feitosa é formada em Pedagogia, é especialista em Educação Especial com ênfase na Inclusão e em Psicopedagoga Clínica. Em 2021, lançou a obra “E quem disse… que não falo?”, sendo o primeiro livro de uma coletânea que a autora pretende lançar.
Valéria Pimentel é coordenadora, formadora de professores. É selecionadora de Arte dos Anos Iniciais e Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio do Prêmio Educador Nota 10. Está escrevendo seu primeiro romance.
Antônio Juraci Siqueira é um escritor e poeta brasileiro. Escreveu diversas obras literárias, entre elas merecem destaque, O Chapéu do Boto (2003), Paca, Tatu; Cutia não! (2008), e Aumentei, Mas Não Menti (2016). Seus poemas, contos e trovas são principalmente inspirados no folclore, nas crenças e saberes populares e pela natureza amazônica. Popularmente ele é conhecido como “o boto” ou o poeta “filho do boto”.
Veja a programação completa do Flacc 2033 em Canaã dos Carajás: