Leandro Oliveira “cursava” medicina no Paraguai enquanto trabalhava em Marabá

Permanece preso nesta manhã de quarta-feira (26) o autointitulado médico Leandro Augusto Alves Oliveira, depois que um paciente, Luiz Ribeiro da Silva, 60 anos, morreu em sua clínica durante procedimento de endoscopia na terça-feira, 25. Para a Polícia Civil, embora o profissional tenha um diploma válido e um registro de CRM (Conselho Regional de Medicina) verdadeiro, ele teria fraudado um histórico escolar com origem no Paraguai, para ingressar em faculdade brasileira com mais da metade do curso pretensamente percorrido.

Leandro, inclusive, estava sendo investigado pela Polícia Civil, que, coincidentemente, estava de campana na porta da clínica em que ele atua, na hora em que Luiz Ribeiro morreu neste dia 25. Os próprios policiais perceberam na hora em que a ambulância do Samu chegou ao local e viram que algo de estranho acontecia ali, razão pela qual adentraram ao local, se certificaram da situação e deram voz de prisão, em flagrante, a Leandro.

Os detalhes foram dados à Imprensa em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, com a participação da promotora de Justiça, Lorena Miranda, e do delegado de Polícia Civil, Márcio Maio.

As investigações iniciaram a partir de uma denúncia anônima recebida pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), afirmando que Leandro Augusto estaria exercendo ilegalmente a medicina. “Essa denúncia não tinha muitos detalhes. Eram exames de uma clínica e uma requisição assinada por ele, com o número do CRM. Essa denúncia afirmava que ele não era médico, mas tinha um diploma e exercia a profissão. Como era uma denúncia que precisava de uma investigação, foi requisitado, de imediato, e quem recebeu foi o delegado Márcio Maio, que prontamente iniciou a verificação”, explica.

Segundo o delegado, as investigações iniciaram no final de 2021. A Polícia Civil recebeu uma requisição do MPPA para averiguar um suposto médico que estaria exercendo ilegalmente a profissão. “Ao dar início, foi percebido que o médico possuía CRM e diploma, o que deu um pouco mais de trabalho pra chegar onde chegamos ontem”, detalha.

Márcio Maio relata que foi necessário oficiar o MEC e a faculdade onde o médico teria se formado. Depois, foi preciso entrar em contato com outra instituição de ensino superior para a qual ele havia sido transferido, que é Faculdade Brasil – que passou por uma operação da Polícia Federal em 2019, em que foram presas oito pessoas, entre reitor e funcionários. “Com base na informação do histórico que Leandro apresentou lá, referente aos primeiros períodos, constava que era de uma faculdade privada de Guayra, no Paraguai. Ele teria estudado lá em 2014, 2015 e 2016”.

A polícia, então, foi verificar se Leandro esteve lá nesse período. Contudo, as investigações mostraram que nessa época, o médico exercia um cargo efetivo na Prefeitura de Marabá nesses três anos como fonoaudiólogo. “Ele estava trabalhando no município e em uma clínica particular aqui. Logo vimos uma inconsistência. Uma pessoa não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo”.

De acordo com Maio, uma faculdade informou que ele utilizou um histórico do Paraguai, a outra faculdade, onde se formou, contou que ele aproveitou disciplinas do curso de Fonoaudiologia. “Entretanto, as duas teses não se sustentam, já que a carga horária e as disciplinas são completamente diferentes do curso de Medicina. Em razão desses fatos, na tarde de terça (25) procuramos contatar os pacientes que estavam saindo da clínica com receitas. Em um dado momento vimos que o SAMU chegou ao local e aquilo nos chamou a atenção. Ao entrarmos, vimos que uma pessoa que havia passado por um procedimento com o médico estava tentando ser ressuscitada”, detalha o delegado, que no mesmo instante conduziu o médico para a 21ª Seccional de Polícia Civil.

Na delegacia, foi aberto procedimento do flagrante por homicídio com dolo eventual, exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica.

Questionado sobre estarem em frente à clínica justamente no dia e hora que um paciente morreu, sem terem efetuado a prisão antes, o delegado justificou que esta foi uma “infeliz coincidência”.

 

Por: Correio de Carajás

 

 

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