Novembro de 2001… Os americanos desembarcavam em solo afegão para tomar as rédeas do país, expulsando o Talibã por não ter entregue o terrorista Osama Bin Laden, apontado como o principal articulador dos atentados terroristas de 11 de setembro, que provocou a morte de quase três mil pessoas em solo americano.

O então presidente norte-americano, o republicano George W. Bush, havia escolhido os declarados inimigos dos Estados Unidos, que passaram a ser classificados como “Eixo do Mal”, composto por Síria, Iraque e Irã. O Afeganistão seria atacado por ser a base do grupo terrorista extremista Al-Qaeda.

A expulsão dos Talibãs foi algo rápido. Em poucos dias, a capital Cabul e outras cidades importantes já estavam sob controle norte-americano. O objetivo da Casa Branca era expulsar os terroristas daquele país e gradativamente devolver o controle político aos afegãos que retomariam gradativamente a democracia que antes não existia. Haveria dúvida sobre o êxito por parte da maior máquina de guerra do mundo? Naquele momento nenhuma.

No próximo dia 11, a Guerra do Afeganistão completaria duas décadas. Mesmo sem completar 20 anos, é considerado o conflito mais longo que os Estados Unidos já participaram.

Barack Obama assumiu a Presidência no início de 2009. Prometeu em sua campanha retirar gradativamente os soldados americanos do Afeganistão. Fez o contrário. Em sua gestão, aumentou o contingente militar sob a justificativa de que era necessário ter mais soldados, pois o processo de pacificação daquele país estava longe de acontecer.

Donald Trump chegou à Casa Branca. Durante os seus quatro anos fechou acordos com lideranças do Talibã, e iniciou a retirada gradativa das tropas americanas do território afegão. Essa saída iria ser conforme o aumento do controle das autoridades daquele país contra grupos rebeldes. Mesmo com a forte presença Ianque, os Talibãs sempre mantiveram à espreita, controlando pequenas cidades nas bordas territoriais do país, porém longe das cidades maiores, em especial a capital Cabul.

Em quase 20 anos de guerra, o Afeganistão nunca conseguiu retomar algum sinal de crescimento econômico. Entre 2001 e 2021, o país não avançou, mesmo em um regime mais democrático, sem o extremismo Talibã. A pressão da sociedade americana sob os governos para que os soldados abandonassem o conflito era enorme. Uma guerra que sangrava as contas do governo. O custo do conflito aos cofres americanos em valor estimado é de cerca de US$ 2 trilhões, segundo a agência Associated Press.

Uma pesquisa da Universidade Brown, nos EUA, divulgada pela rede BBC estima em mais de 242 mil as vidas perdidas durante o conflito – entre civis, militares e insurgentes. Mais de 2,3 mil militares americanos foram mortos e mais de 20 mil foram feridos.

O título deste artigo é provocativo. Todavia, procura relacionar dois fatos que ocorreram em tempos distintos, mas que seus desfechos apresentam muitas semelhanças. A saída das tropas americanas de Cabul representa derrota para Washington, escancarando o desastre no gerenciamento da guerra, que levou, por exemplo, os Talibãs novamente ao poder, agora muito mais forte do que há 20 anos. Da mesma forma que podemos relacionar a saída dos americanos de Saigon, capital do Vietnã.

Vale o registro que a guerra no país asiático é considerada a maior derrota dos Estados Unidos. Da mesma forma que a retirada das tropas americanas do Afeganistão é, como já dito, uma derrota. Os cidadãos daquele país estão entregues à própria sorte, em especial as mulheres que voltarão, infelizmente, a perder todos os seus direitos. O terror está de volta aquele país.

Em 2001 os americanos desembarcaram no Afeganistão mostrando toda a sua força de maior força militar do planeta. Vinte anos depois saem daquele país de forma patética. A passagem americana em solo afegão foi um desastre operacional. Que Alá tenha piedade dos civis daquele país. Aos Estados Unidos mais uma derrota. O Vietnã parece não ter servido de exemplo.

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