Curso faz parte do Projeto Gemas e Joias da Seden, voltado para o desenvolvimento sustentável e econômico da região, onde existe uma das melhores ametistas do mundo, assegura especialista.
Mais um passo foi dado pela Prefeitura de Parauapebas para a implantação do Projeto Gemas e Joias, conduzido pela Secretaria de Desenvolvimento (Seden) e que faz parte do Programa Municipal de Investimentos (PMI): a certificação de oito lapidadores (ou lapidários) no Garimpo das Pedras.
“A certificação desses alunos representa mercado se abrindo em Parauapebas e região”, atesta o coordenador de Emprego, Trabalho e Renda (Ceter), Robson Cordeiro.
Na entrega dos certificados, ocorrido na sexta-feira, 18, era visível a emoção não apenas dos alunos, mas da equipe da Seden e do professor e instrutor Max Ferreira Zucoloto, que volta para Minas Gerais impressionado com a dedicação da turma e, mais ainda, com a qualidade da ametista produzida na região.
“É uma das melhores do mundo. A pedra daqui (ametista) perde um pouco na qualidade para a do Uruguai. Só que no Uruguai as minas estão esgotadas praticamente”, avalia o especialista, que há 20 anos trabalha com lapidação de pedras e que, há dois, se dedica a ensinar quem deseja aprender o que pode ser considerado uma arte.
Vida e transformação
Entre os alunos, a esperança de dias melhores na vida pessoal e na comunidade do Garimpo das Pedras. Aprender a lapidar provocou uma transformação positiva, retratada nas palavras da jovem Iarla Lopes, que pela primeira vez aprendeu uma profissão.
“É maravilhoso! A gente fica muito orgulhoso de ver um trabalho tão bonito que o professor nos ensinou porque o brilho que a pedra dá é como se fosse uma esperança. No início, ela não tem muita vida, mas depois ela vai ficando cada vez mais linda, que a gente chega a se impressionar com a beleza da pedra”, diz a nova lapidadora de pedras, sem se dar conta do tom filosófico das próprias palavras.
E essa foi uma das propostas do curso de lapidação da prefeitura: mostrar aos alunos que eles têm papel transformador na comunidade em que vivem: “Mais do que transformar pedras em gemas, em pedras preciosas, nós oportunizamos a transformação de indivíduos, de pessoas, em verdadeiros tesouros, verdadeiras preciosidades do Garimpo das Pedras, da Amazônia”, frisa o diretor de Desenvolvimento da Seden, Max Alves.
Continuidade do curso
Mal o curso foi encerrado e mais moradores manifestaram interesse em também aprender a lapidar. “Esse curso pra nós foi muito gratificante. Na verdade, é uma coisa que a comunidade já esperava há muito tempo, e a gente está feliz por ele ter acontecido. Estamos esperançosos que ele continue pela importância que é para a comunidade”, afirma Edilson Pereira da Silva, presidente da Associação de Moradores e Extrativistas da Comunidade Alto Bonito II, o Garimpo das Pedras.
Na cerimônia de certificação dos novos lapidadores, os moradores manifestaram confiança no secretário de Desenvolvimento, Mariano Júnior, presente no evento e que tem liderado o projeto para o desenvolvimento sustentável e econômico daquela comunidade.
Como o curso foi bem aceito pelos moradores, Mariano Júnior assegura que haverá continuidade do projeto para a formação de mais lapidadores não apenas no Garimpo das Pedras, mas também na zona urbana diante da abundância de pedras que, transformadas em gemas e artesanatos, darão qualidade de vida especialmente aos moradores do Garimpo com a venda para os mercados interno e externo.
“Agregar valor às pedras, hoje, é o que todo mundo quer”, diz o titular da Seden, para continuar. “A gente está fazendo um projeto-piloto, para aceitação da comunidade. E a comunidade aceitou muito bem, então a gente agora, num segundo momento, vai usar essa aceitação para um novo start, que é a continuidade do projeto”.
Divisor de água
Quem vai ao Garimpo das Pedras de imediato se depara com algo incomum: as pessoas caminham sobre rejeitos de pedras brilhantes, e quem é turista sai de lá com alguma pedra de ametista em estado bruto. O Brasil é o maior produtor mundial dessa preciosidade de cor roxa, que pode se tornar amarela se exposta ao calor excessivo.
O Pará sequer aparece na lista de alta produção, contudo a ametista do Garimpo das Pedras, de produção contínua e chamada de “ametista queimada”, tem a alta qualidade como diferencial e pode ganhar o mundo. “Aqui tem muito potencial. As pedras daqui são umas das mais bonitas que já vi. O brilho, a qualidade delas, a refração é muito alta. Ela brilha muito”, impressiona-se o especialista Max Zucoloto.
E a lapidação de pedras pelos próprios moradores do Garimpo das Pedras pode impulsionar a qualidade de vida dos quase 800 habitantes da comunidade e de toda a região e mudar, por completo, a realidade local.
“Se olharmos a realidade da comunidade daqui, do ourives, de algumas pessoas envolvidas no processo, se elas forem inseridas, pode ser um divisor de água: o que ficou no passado e o que vai acontecer daqui pra frente. Haverá outra vida daqui pra frente se continuarem o processo (de lapidação)”, prevê Zucoloto.
Ascom/Pmp