Cuidar da saúde mental dos pacientes crônicos tem um impacto importante na qualidade de vida
Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), a doença renal crônica, caracterizada pela perda gradual das funções renais, pode ter um impacto significativo na saúde mental dos pacientes, resultando, assim, em transtornos de ansiedade e depressão.
Jean Armande, 24 anos, é paciente renal crônico em tratamento no Hospital Regional do Sudeste do Pará Dr. Geraldo Veloso (HRSP), em Marabá. Ele é um dos usuários que recebe suporte psicológico para enfrentar os desafios emocionais que a doença proporciona. A unidade é referência em nefrologia para um milhão de pessoas de 22 municípios do interior.
Diagnosticado aos doze anos de idade, Jean carrega consigo uma luta de 12 anos contra a doença renal. O jovem que, há dois anos realiza sessões semanais de hemodiálise na unidade do Governo do Pará, sabe o desgaste emocional que o tratamento pode causar, e destaca que o apoio psicológico oferecido na instituição contribui para sua recuperação.
“A notícia foi devastadora para mim e minha família, quando recebemos o diagnóstico da doença. No início, eu tinha medo das agulhas, da restrição alimentar e da limitação física. Foi um momento difícil, mas com o tempo e apoio dos profissionais de saúde, aprendi, aos poucos, a lidar com tudo”, revela Jean, emocionado.
O jovem destaca, ainda, a importância em contar com ajuda psicológica nesses momentos de fragilidade. “Não é fácil lidar com uma doença crônica, ainda mais quando se é tão jovem. Mas, com suporte psicológico e incentivo, é possível superar os desafios e encarar a vida de frente”, conclui.
O psicólogo Maycon Silva, que atua no hospital gerenciado pela Pró-Saúde, afirma que muitos pacientes renais crônicos apresentam a saúde mental debilitada, devido as transformações em sua vida pessoal, profissional e social, impostas pela doença.
“Muitas vezes, esses pacientes se sentem sobrecarregados e desamparados. Utilizamos abordagens terapêuticas para encorajá-los e, ajudamos a lidarem melhor com suas emoções, encontrando maneiras de se adaptar à nova realidade”, enfatiza o especialista.
O profissional destaca que o paciente renal crônico possui uma rotina de tratamento intensa, realizando, semanalmente, de duas a três sessões de hemodiálise. Procedimento que, durante quatro horas, faz a filtragem do sangue e remove o excesso de toxinas, sais minerais e líquidos, substituindo o trabalho dos rins.
“O tratamento pode ser difícil e estressante para muitos pacientes. Por isso, é importante que eles tenham uma rede de apoio familiar, que auxilie nos cuidados diários e na adaptação à rotina da terapia renal”, reforça o psicólogo.
O especialista alerta que a prevenção é a melhor forma de evitar o desenvolvimento da doença renal crônica. A alimentação saudável, prática regular de atividades físicas, e controle de doenças como hipertensão e diabetes, fatores de risco para a enfermidade, são algumas das maneiras de agir preventivamente.
O Centro de Hemodiálise do HRSP, inaugurado em 2019, conta com serviço moderno e bem equipado, com salas de observação, ambulatoriais e sala de hemodiálise com 20 cadeiras para realização de sessões em três turnos. Somente ano passado, foram realizadas 13 mil sessões de hemodiálise, atendendo um total de 1.140 pacientes.