Transporte público ainda causa transtorno à grande parte da população parauapebense

É comum ver em grandes cidades os atrasos dos transportes públicos devido aos congestionamentos, greves entre outros problemas. Em Parauapebas a diferença é que não há engarrafamentos tão demorados quanto os das grandes metrópoles brasileiras como também não há indícios de greve, o problema aqui existe devido a mudança feita no sistema das cooperativas e dos novos veículos. O responsável pela Cooperativa de Transporte Público de Parauapebas, Jovelino Mendes do Amaral acredita que até o início de março todos esses problemas serão resolvidos.
A Prefeitura de Parauapebas junto ao Banco da Amazônia (Basa), no final de 2014, investiram em um novo modelo de transporte, substituindo as vans, as quais eram pequenas e não atendiam às necessidades dos moradores da cidade, por micro-ônibus equipados com central de ar, acesso para cadeirantes, cadeiras de prioridades para deficientes físicos, gestantes, idosos e um novo equipamento eletrônico de bilhetagem, além de, teoricamente, atender um número maior de pessoas.
No começo de 2015, essa mudança tem desapontado a população. O motorista, além de na maioria das vezes trabalhar sozinho durante a viagem, é ele quem fica responsável por receber e devolver o troco dos passageiros, apesar de que alguns resolveram contratar cobradores, haja vista que esses não têm um lugar pré-determinado, sentando assim no painel do veículo, sem contar que muitos não obedecem ao horário programado que se encontra em uma folha em todos os pontos finais sob fiscalização da cooperativa.
O que era pra ser conforto acabou em transtorno, a superlotação continua sendo mais um problema em vários bairros e muitos perdem a hora de ir trabalhar ou de realizar qualquer outro compromisso por conta dos atraso. Maria José Ferreira, doméstica e moradora do bairro São Lucas II, disse, com muita indignação, que normalmente espera mais de 2hs o seu transporte; Claudinete Pinheiro, dona de casa, informou à reportagem que sente extrema dificuldade ao tentar se encaminhar à sua residência e que espera sempre mais de ½ hora e que às vezes chega a esperar mais de uma hora, o que pode até causar um transtorno maior, já que o índice de assaltos na cidade tem aumentado, e com a demora desses transportes as pessoas passam mais tempo nas paradas se expondo ao risco.
Quem andou faturando em cima disso foram os taxis-lotação, que mesmo sendo ilegal, por conta de todas as falhas anteriormente mencionadas com relação a horário, muita gente se sente obrigada a utilizar esse meio, pagando então mais que o dobro de uma passagem do transporte coletivo, já que o valor do transporte é R$ 1,80 e do transporte ilegal, normalmente custa R$ 4,00 por pessoa. Ainda tem a opção de utilizar os motos-taxi, só que dependendo do destino a passagem pode chegar até R$ 20 (mais que 10 vezes o valor de uma passagem do coletivo). Vale ressaltar também que os ganhos de quem trabalha cooperativado passam a ser global e não mais pela produção individual, eliminando então a competitividade que havia entre os condutores.

Nos bairros distantes como Cidade Jardim e Nova Carajás encontra-se muita gente indignada com os horários, alguns dias os micro-ônibus rodam em horário certo, mas em outros não, dificultando assim a ida de usuários para seus destinos. Na Nova Carajás o número de transporte para o bairro é inferior aos dos outros, deixando muito a desejar, “Não adianta acordar cedo pra vir esperar o micro-ônibus se eles não passam no horário cedo, eles demoram muito, faz 50 minutos que estou esperando por um e até agora não passou e quando passa cedo demora mais de meia hora pra sair do bairro, assim não tem condição, eu esperei muito por esses novos veículos, até mesmo por questões de segurança, mas a cada dia que passa eu me decepciono” disse Elliane, moradora da Nova Carajás. Já na folha dos horários de rotas está estipulado um intervalo de 15 em 15 minutos para cada transporte, uma ideia bem distante da prática.
“Todo dia eu passo por humilhação, hoje mesmo eu sai de casa cedo para trazer meu filho ao hospital, gastei mais de duas horas do bairro pra cá e acabei perdendo a consulta dele. À noite quando eu saio do trabalho, o micro-ônibus além de demorar pra passar, não conclui a rota inteira, eu moro no tropical II e eles me deixam em uma rotatória da Altamira e vou andando pra casa. Às vezes eu tenho até que me humilhar e pedir pelo amor de Deus pro motorista me levar até na parada perto da minha casa. Sem contar que eles continuam sem devolver o troco. O prefeito colocou uns transportes até melhor do que tinha, mas eles continuam fazendo a mesma coisa das vans e até pior” disse Cintia (nome fictício).
Em entrevista para o CP, o presidente da cooperativa de Parauapebas, Jovelino Amaral, explicou que devido à mudança radical sobre os transportes, a nova rede responsável por eles está trabalhando para suprir as necessidades dos munícipes. No primeiro momento, 70 veículos estão circulando, e ao todo serão 100, mas para que todos circulem sem nenhum problema é preciso que uma nova rota seja feita e um sistema de bilhetagem esteja funcionando, assim pessoas que moram distante não passarão tanto tempo dentro de um micro-ônibus, seguindo assim por um sistema de terminal, onde o passageiro terá direito de pegar dois coletivos e pagar somente uma única passagem.
Explicou também que é necessário que a população procure a central e faça logo seu cadastro para a recepção do cartão. Deficientes físicos, estudantes e idosos são prioridades no processo. Os atrasos estão acontecendo devido à mudança da rede, “Nós estamos espalhados em vários pontos da cidade buscando suprir a deficiência de transportes, estamos sempre entrando em contato para pedir mais ônibus pra um determinado lugar onde a demora está grande. Estamos buscando corrigir todos esses erros, mas é um processo demorado. Até o final de fevereiro seguido ao começo de março queremos deixar todos os transportes e sistemas organizados” completou Amaral.

Jovelino Amaral, presidente da Cooperativa de Transporte Público de Parauapebas
Jovelino Amaral, presidente da Cooperativa de Transporte Público de Parauapebas

Sobre o problema de rota, quando o condutor do veículo não finaliza, deixando passageiros distantes de seus respectivos pontos, é aconselhável que a população busque o número do transporte, o horário e entre em contato com a central para que eles possam resolver o problema.
“Acredito que nós ainda vamos passar por um período de reajuste, então peço para que a população tenha paciência porque já se percebe que é uma mudança radical, são novos veículos, é um novo sistema, então é um processo complexo e sem a ajuda da população nós teremos dificuldades para por isso em prática. Por isso solicito que todos se comprometam a ir à central, localizada na avenida sol poente, fazer o seu cadastramento do cartão com identificação o mais rápido possível” concluiu Amaral.
A população de Parauapebas torce muito para que esses problemas sejam solucionados o mais breve possível, uma vez que por conta da atual falta de horários definidos do transporte público do município, muitos não conseguem cumprir um planejamento de horários e compromissos.
(Reportagem: Stephanny Sousa e Pedro Nascimento).

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