Avaliação do eixo infraestrutura recebeu menor nota, mas titulação de professores e qualidade da estrutura pedagógica já existente puxaram nota para cima. Vereadora já sonha com Odonto
Após dois anos de luta, muitos desencontros e desesperanças, o campus da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) em Parauapebas recebeu, enfim, a notícia mais aguardada dos últimos tempos: vai, sim e com certeza, ganhar o curso de graduação em Enfermagem. As informações foram repassadas com exclusividade ao Blog do Zé Dudu pelo diretor local do campus, Luís Renan Sampaio Oliveira.
A boa notícia vem depois da passagem das avaliadoras do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) por Parauapebas, entre os dias 30 de maio e 1º de junho, para checar as instalações do campus local, bem como da rede pública de saúde do município, na qual os futuros estudantes vão fazer estágio.
As avaliadoras deram “Muito Bom” (conceito final 4, de 5 pontos) para o campus da Ufra em Parauapebas, o que implica dizer que a oferta do curso está aprovada. “O receio era de que o município perdesse a graduação por conta da nossa infraestrutura, já que esta era uma das três áreas avaliadas pelo Inep para instalação do curso,” lembra Luís Renan, que comemora, mas faz ressalvas: o governo municipal precisa ser parceiro da universidade daqui para frente se quiser que outros cursos da área da Saúde desembarquem no município. Odontologia já está na mira.
A Ufra levou nota 4,81 no quesito organização didático-pedagógica e 4,13 em corpo docente e tutorial. A nota mais baixa, como já era de esperar, foi no quesito infraestrutura, com 3,82. O curso só não foi reprovado por infraestrutura por conta das demais notas, que elevaram o conceito e, ainda, porque vários aspectos da rede de saúde de Parauapebas empolgaram as avaliadoras, a começar pelo tratamento receptivo da enfermeira Leonice de Oliveira.
Novos cursos podem chegar
Agora, a universidade vai começar a se organizar para oferecer 50 vagas já para 2022 e deve tratar da vinda de outros cursos, já que Enfermagem tem potencial de abrir as porteiras para outras graduações da área de Saúde. Para isso, contudo, a prefeitura deverá manter sintonia com o campus da Ufra, que precisa da construção de mais blocos de sala de aula, já que sua atual capacidade está esgotada. Com a atual estrutura, até mesmo o curso de Enfermagem só terá condições de garantir três turmas, razão pela qual a ampliação da infraestrutura é urgente e necessária — e não adianta esperar que o governo federal o faça, tendo em vista os sucessivos cortes nos orçamentos das universidades.
O diretor do campus agradece a colaboração da vereadora Eliene Soares, que foi quem mais mobilizou, juntamente com representantes da Secretaria Municipal de Educação (Semed), o Executivo para a importância de trazer o curso, o qual fora também prometido pela Universidade do Estado do Pará (Uepa), mas descartado por esta. “A vereadora Eliene teve papel fundamental nessa luta. Ela foi porta-voz das nossas necessidades na Câmara e sempre esteve disposta a nos ajudar no que lhe estava ao alcance,” elogia Luís Renan.
Em entrevista ao Blog, Eliene disse que a conquista é de Parauapebas e que não vai medir esforços para fazer do município um polo universitário. “Estamos dando um passo para permitir que muitos alunos de escola pública tenham acesso à universidade pública e para evitar que tenhamos êxodo de nossos jovens para cursar Enfermagem fora ano que vem. Agora, eles vão poder ficar aqui e se abster de despesas que frequentemente levam muitos a abandonar a faculdade,” celebra, demonstrando-se disposta para a nova conquista: o curso de Odontologia. “Vamos até a Lua, se for preciso, defender os interesses do nosso povo e de tantos jovens que sonham em cursar faculdade”.
Enfermeiros em Parauapebas
A Capital do Minério já tem curso de graduação para formar enfermeiros, mas são privados. O município possui, de acordo com dados de Ministério da Saúde, 225 profissionais em atividade. A Prefeitura de Parauapebas é a maior empregadora, com 217 vínculos na folha de maio, 111 deles temporários — e uma parcela considerável trabalha, também, na rede privada de saúde. A prefeitura também paga os maiores salários do Pará. Em maio, 20 enfermeiros viram salários líquidos de mais de R$ 15 mil na conta. A campeã, uma enfermeira contratada da atenção básica, recebeu salário bruto de R$ 23,5 mil e aproximadamente R$ 17,1 mil líquidos, valores que enchem os olhos e fazem muitos aspirantes à Enfermagem sonharem. O Blog calculou que a média salarial de um enfermeiro na Prefeitura de Parauapebas é de R$ 11,7 mil.
Vale ressaltar que os enfermeiros da rede municipal recebem salários maiores que 75% dos médicos do Brasil. Somando-se a média de salário de todos os médicos do país, a dos clínicos gerais é de R$ 6,6 mil para uma jornada de 24 horas semanais. A de profissionais que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS) é de R$ 10 mil para uma jornada de 40 horas.