Prefeitura de Parauapebas treina agricultores para multiplicar produção cacaueira

Técnica de enxertia diminui pela metade o tempo para a árvore produzir. Até o final de 2021, a meta é aumentar de 40 para 100 hectares o tamanho da área de plantação no município

A Prefeitura Parauapebas está levando ao homem do campo mais uma tecnologia para elevar e incentivar a produção cacaueira no município. Esta semana, a Secretaria de Produção Rural (Sempror) iniciou a aplicação da técnica de enxertia clonal de cacau, que garante plantas altamente produtivas e mais resistentes às pragas e doenças.

 

As técnicas de manuseio da planta e os procedimentos são executados em forma de treinamento aos agricultores. “A enxertia consiste em ter um porta-enxerto, que é uma variedade que confere resistência à planta e o enxerto, que é uma variedade que traz alta produtividade. Sem a enxertia, o cacau leva em média cinco anos para produzir, mas com esse processo conseguimos diminuir o ciclo dele para dois a três anos, que começa ter uma produção comercial”, explica a engenheira agrônoma Clara Bazzo.

O agricultor Álvaro de Brito, o Baiano, foi o primeiro a ser beneficiado com a introdução da técnica em sua propriedade. Ele já possui quase dois hectares de cacau adulto plantado e em fase produtiva, que anualmente rende até uma tonelada da amêndoa. Recentemente, ampliou o plantio com três mil mudas fornecidas pelo Centro Tecnológico de Agricultura Familiar (Cetaf).

Agora, Baiano recebe a técnica que diminui pela metade o tempo de desenvolvimento da planta e produção do fruto. “Para nós, um apoio como esse, com assistência técnica, estímulo à irrigação, adubação, é fundamental. Estamos ampliando nossa cultura do cacau consignado ao açaí, e com assistência da Sempror estamos vendo um futuro muito promissor, ainda mais porque a enxertia vai nos proporcionar árvores saudáveis, resistentes e produtivas”, pontua o agricultor.

Baiano acredita nos benefícios de investir na cultura cacaueira. “Ter cacau em uma terra é como criar gado, tem suas dificuldades. Mas, se eu estivesse criando gado, eu não teria a lucratividade que eu tenho com os pés de cacau porque ocupa um espaço menor, estou colaborando com a natureza, a rentabilidade é muito melhor e com menos riscos”, enumera.

Na propriedade, a fruta é aproveitada para produzir mel, polpa e as nibs – amêndoas de cacau fermentadas, secas, torradas e trituradas – usadas como matéria-prima para produção do chocolate, achocolatado, mix de frutas, licor e a manteiga de cacau.

Pará lidera ranking da produção da amêndoa

O Pará alcançou o título de maior produtividade de cacau do mundo e hoje produz cinco vezes mais do que a Bahia, que durante muitos anos liderou o ranking da produção cacaueira. Neste ano, a previsão do Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) é que o solo paraense produza 145 mil toneladas de amêndoas em 146.928 hectares de área cultivada.

Em 2019, o Pará produziu 133.489 toneladas de amêndoas, o que rendeu mais de R$ 1,2 bilhão ao Estado. Isso significa dizer que cada agricultor paraense colheu cerca de 920 quilos por hectare plantado. Em todo o Estado, a cadeia produtiva gera quase 61 mil empregos diretos e cerca de 244 mil, indiretos, segundo a Ceplac.

Em Parauapebas, há aproximadamente 40 hectares de cacau em desenvolvimento, que recebem monitoramento e incentivos da Sempror. Inicialmente, seis famílias estão trabalhando com a produção cacaueira no município, mas a previsão é que mais agricultores sejam inseridos no circuito, em novos projetos de fruticultura.

O aumento da produtividade vai gerar renda e emprego, além de atrair mais indústrias para o município. “Temos buscado estimular o produtor rural a aderir à cultura, e em breve lançar Parauapebas na rota cacaueira do Estado. A meta da Sempror é implantar, até o final de 2021, 100 hectares de cacau. Por isso, estamos investindo em tecnologias que agregam valor, qualidade e mais produtividade”, explica o secretário de Produção Rural, Elson Cardoso.

Texto: Erika Sarmanho / Fotos: Elienai Araújo
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