Levar atendimento de saúde às aldeias da Amazônia não é uma tarefa fácil para os profissionais de saúde dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) que compõem a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) do Ministério da Saúde.
As comunidades indígenas estão entre florestas, às margens dos rios e igarapés e em cima de serras ou em vales cujo acesso mobiliza uma grande logística de pessoal e transportes aéreo, fluvial e terrestre. Os profissionais de saúde utilizam vários modais para chegar às aldeias. No fim do percurso, é sempre preciso caminhar pelas matas, carregando uma caixa com vacinas contra a Covid-19 e formulários de atendimento.
A Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI) consegue imunizar cerca de 10 pessoas entre homens e mulheres acima de 18 anos nas xaponas, casas coletivas compostas de 20 a 30 pessoas, sendo a maioria crianças, lactantes, puérperas e gestantes – grupo que só poderá ser vacinado com prescrição médica, conforme orientações técnicas do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO).
No caso do DSEI Yanomami (RR), por exemplo, a distância entre uma casa a outra é de 20 minutos a três horas de caminhada do Polo Base Waphuta (Unidade Básica de Saúde Indígena) – 33% da população do local já foi vacinada e as equipes continuam trabalhando para imunizar mais indígenas. Já DSEIs com acesso terrestre atendem mais rápido às aldeias, como os DSEIs Alagoas e Sergipe e o Pernambuco, que já alcançaram a meta de 90% de imunização estipulada pelo Plano.
PARCERIAS
As equipes de saúde chegam a ficar até 30 dias em campo sem acesso à internet e celular, dependendo apenas do sinal de rádio dos DSEI para comunicação. Quando elas retornam, os dados de atendimento são lançados no Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI) – por conta disso, os dados da região amazônica demoram mais para serem computados no sistema do Ministério da Saúde.
A imunização é voluntária, e os DSEIs têm feito campanha de conscientização e sensibilização com o apoio das lideranças locais e dos presidentes dos Conselhos Distritais de Saúde Indígena (CONDISI) principalmente no enfrentamento das notícias falsas. O Ministério da Defesa também é parceiro logístico nas campanhas de imunização da saúde indígena. Aeronaves das Forças Armadas são empregadas no transporte e na distribuição das vacinas.
Em menos de dois meses do início da Campanha de Vacinação contra a Covid-19, em 18 de janeiro, mais de 66% da população indígena do grupo prioritário já recebeu a primeira dose da vacina e a maioria dos DSEI já iniciou a segunda dose. Os indígenas atendidos pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASISUS) e especificidades da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709 são prioritários no PNO.
Karina Borges, com informações da
SESAI
Ministério da Saúde