Vale anuncia meta de reduzir em 15% emissões de clientes e fornecedores até 2035

Empresa é uma das poucas capazes de oferecer iniciativas para a redução de escopo 3 por ter portfólio de produtos de alta qualidade e soluções inovadoras

A Vale apresentou hoje (2/12), durante encontro virtual com investidores, meta de reduzir em 15% as emissões líquidas de escopo 3, relativas à sua cadeia de fornecedores e clientes, até 2035. O percentual de redução considera como base o ano de 2018, quando foram contabilizadas 586 milhões de toneladas de CO2 equivalente (MTCO2eq) oriundas da sua cadeia de valor. A companhia espera atingir 496 MTCO2eq em 2035, uma diferença de 90 MTCO2eq em relação ao registrado em 2018 – volume igual às emissões do Chile relacionadas ao uso da energia no mesmo ano, de acordo com relatório da Agência Internacional de Energia. A meta será revista em 2025 e, depois, a cada cinco anos. Hoje, 98% das emissões de CO2 da Vale são provenientes de escopo 3.

A meta já considera o aumento de capacidade de produção para 400 milhões de toneladas de minério de ferro, a ser atingida ao fim de 2022. Assim como as metas de escopos 1 e 2, ela também está alinhada  com a ambição do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global em menos de 2º C até o fim do século. Para atingir o objetivo de escopo 3, a Vale conta com um portfólio de produtos de alta qualidade e tecnologias inovadoras para fornecer soluções que levem à redução de emissões de clientes e fornecedores.

A empresa vai intensificar o engajamento com sua cadeia de valor por meio de parcerias que busquem o desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono, principalmente com clientes do setor siderúrgico. Soluções baseadas na natureza também têm papel relevante, considerando a vocação da Vale em florestas e o potencial de acesso a mercados de créditos de carbono. Hoje, a empresa ajuda a proteger mais de 1 milhão de hectares de matas nativas ao redor do mundo. Até 2030, pretende adicionar mais 500 mil hectares por meio de projetos de recuperação e proteção. Recentemente, a Vale aderiu à Task Force on Scaling Voluntary Carbon Markets, uma iniciativa que reúne mais de 40 líderes e empresas do mundo, cujo objetivo é expandir os mercados voluntários de carbono, tornando-os uma alternativa estruturada e viável no combate às mudanças climáticas (https://www.iif.com/tsvcm/).

“Esta agenda é fruto de um processo de escuta, alinhado com uma demanda real da sociedade relacionada às mudanças climáticas”, afirma o diretor-presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo. “Em uma estimativa preliminar, a Vale poderá contribuir com até 25% do total estimado para o atingimento da meta de escopo 3 por meio de porfólio próprio, o que a diferencia de suas concorrentes globais”.

Hoje, a companhia fornece alguns dos melhores mixes de produtos de alta qualidade do mercado de minério de ferro, que demandam menor uso de energia no alto forno siderúrgico, reduzindo emissões. Um dos exemplos é  o BRBF (Brazilian Blend Fines), um blend de minérios produzidos em Carajás e Minas Gerais, com maior teor de ferro e menor presença de contaminantes. O start up do BRBF ocorreu no quarto trimestre de 2014, no porto de Teluk Rubiah, na Malásia. No primeiro ano de comercialização, em 2015, foram vendidos 18 milhões de toneladas do produto. Em 2019, já eram 134 milhões de toneladas e a estimativa é chegar a 145 milhões de toneladas em 2020.

A empresa, no entanto, não se apoia apenas na qualidade de seus produtos. “Soluções tecnológicas próprias de baixo carbono para  siderurgia vêm sendo desenvolvidas pela Vale há alguns anos,” afirma o diretor-executivo de Relações Institucionais, Comunicação e Sustentabilidade, Luiz Eduardo Osorio. “É o caso da tecnologia Tecnored, que permite produzir ferro-gusa a partir da substituição de até 100% do carvão mineral por biocarbono (a partir de diferentes tipos de biomassa), reduzindo significativamente as emissões de gás carbônico”.

Recentemente, a Vale anunciou a intenção de estabelecer uma plataforma em parceria com a Kobe Steel e a Mitsui&Co. O objetivo será oferecer soluções e tecnologias de baixo carbono para a indústria siderúrgica. Essas soluções baseiam-se nas tecnologias de produção de HBI a gás natural e de ferro-gusa a base de biocarbono (Tecnored). Produto de alto teor de ferro, o HBI seria fornecido pela Midrex, empresa que pertence à Kobe. A Vale continua ativamente progredindo com  discussões e estudos nesse sentido, e eventuais anúncios serão realizados no momento oportuno.

Navegação
Na área de navegação, incluída no escopo 3, a Vale está comprometida com as metas da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) de trabalhar para reduzir a intensidade das emissões em 40%, em 2030, e em 50%, em termos absolutos, até 2050, tendo as emissões do ano de 2008 com referência. A empresa criou o programa Ecoshipping, que conta com a colaboração de diferentes atores da indústria, com o objetivo de promover projetos que reduzam as emisões no transporte marítimo de minério de ferro. Um deles é o uso de tecnologia de velas rotativas em navios mineraleiros de grande porte (Very Large Ore Carrier – VLOC). A tecnologia permitirá economia de combustível de até 8% e redução anual de até 3,5 mil toneladas de CO2 equivalente por navio.

Atualmente, a frota de embarcações contratadas pela Vale já possui os padrões mais elevados de eficiência energética do mercado. Desde 2018, estão em operação os navios Guaibamaxes e Valemaxes, VLOCs de segunda geração,  com capacidade de 325 mil e 400 mil toneladas, respectivamente. Ambos emitem até 41% a menos de CO2 equivalente que um capesize de 180 mil toneladas, construído em 2011, usado como base para os Valemaxes de primeira geração lançados naquele ano.

Os Valemaxes e Guaibamaxes de segunda geração também foram projetados para futura utilização de gás natural liquefeito (GNL), que poderá trazer uma redução adicional de 23% por navio após a instalação do sistema. A Vale está desenvolvendo, ainda, solução para  novos combustíveis alternativos, como metanol e amônia. Uma avaliação preliminar indicou que as reduções de emissões poderiam ficar entre 40% e 80% nas mesmas embarcações. O projeto é ter navios multicombustíveis prontos para serem adaptados ao combustível mais adequado, uma vez que as incertezas tecnológicas e regulatórias atuais sejam melhor esclarecidas.

Escopos 1 e 2
Além do anúncio da meta de escopo 3, a empresa comunicou aos investidores projeto para a implantação do Sol do Cerrado, um dos maiores de energia solar do país, com capacidade instalada de 766 megawatts. Localizado em Jaíba (MG) e com start up previsto para outubro de 2022, a planta solar irá atender a 13% da demanda da Vale por eletricidade em 2025 e representará uma redução de custo anual de US$ 70 milhões após a entrada em operação.

A Vale irá investir US$ 500 milhões no Sol do Cerrado, que está em linha com a meta da empresa de consumir 100% de eletricidade renovável em suas unidades no Brasil até 2025 e, globalmente, em 2030. O projeto, que já foi aprovado pelo Conselho de Administração da Vale, está sujeito a condições habituais de fechamento, incluindo a aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Os recursos destinados à planta solar de Minas Gerais já estão incluídos no orçamento de pelo menos US$ 2 bilhões, anunciado em maio pela companhia, para redução em 33% de suas emissões diretas e indiretas (escopos 1 e 2) até 2030. A empresa pretende tornar-se uma mineradora carbono neutra em 2050. Na época, a Vale comunicou ainda o estabelecimento de uma precificação interna de carbono de US$ 50 por tonelada de CO2 equivalente para aprovação de novos investimentos.

Para guiar a implementação e a entrega dos compromissos assumidos na área de mudanças climáticas, a companhia criou o Fórum de Baixo Carbono, um grupo liderado pelo CEO e composto por diretores-executivos e suas equipes técnicas. A iniciativa reflete o engajamento da alta liderança no tema, ajuda a monitorar o desempenho em relação aos compromissos assumidos, além de impulsionar avanços constantes na agenda de clima da Vale.
Para atingir a meta de escopos 1 e 2 até 2030, a empresa está analisando mais de 35 iniciativas por meio da “Curva de Custo Marginal de Abatimento”, ferramenta que permite a ordenação de projetos em termos de custos e potenciais de redução de emissão, permitindo uma tomada de decisão baseada em análise de custo-efetividade.

Há projetos de uso de biodiesel na área de metais básicos, eficiência energética, eletrificação de mina e ferrovia, uso de biocombustíveis na pelotização em substituição ao carvão e de energia renovável. Desde setembro, a Vale vem testando uma nova locomotiva de pátio de manobra 100% elétrica, movida a bateria. Os testes-piloto estão ocorrendo na Unidade de Tubarão, em Vitória (ES). No Canadá, onde  a companhia concentra as suas principaís unidades de metais básicos, já estão em operação 25 veículos elétricos de mina subterrânea e, em 2021, a meta é chegar a 40.

vale.com

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