Amazônia: Recuperação de áreas mineradas em Carajás gera renda para cooperativa e o retorno da biodiversidade

Coleta de sementes por famílias associadas gerou quase R$ 1 milhão em renda em 2020 para a Cooperativa dos Extrativistas (Coex). Ação, além de, contribuir para o reflorestamento na Amazônia, mostra a viabilidade de negócios sustentáveis.

“O meu sentimento é de restauração da vida, de poder contribuir com dias melhores para a humanidade”. É assim que Ana Paula Nascimento, presidente da Cooperativa dos Extrativistas (Coex) expressa sua emoção com o trabalho de coleta de sementes realizado na Floresta Nacional de Carajás. Toda a variedade coletada por eles é adquirida pela Vale e empregada em ações de recuperação de áreas mineradas ou de compensação ambiental realizadas pela empresa. A atividade, além de gerar renda de forma sustentável, tem contribuído para a conservação da Amazônia no sudeste do Pará.

O total de 5,6 mil quilos de sementes foram coletadas no ano passado pela Cooperativa, que conta com 45 famílias associadas. A coleta gera trabalho e renda para os cooperados. Em 2020, a venda das sementes rendeu R$ 905 mil em recursos financeiros à Cooperativa. Este ano, de janeiro a abril, a Vale já adquiriu 2 mil quilos de sementes coletadas nas unidades de conservação da região. Entre as espécies, a castanha-do-Pará, jaborandi, flor de Carajás, açaí, ipê amarelo e tantas outras plantas numa diversidade de formas, cores e tamanhos.

Ana Paula explica que uma das funções da cooperativa “é diversificar e criar novas matrizes econômicas e preparar os associados em diversas atividades, seja com a folha, semente ou qualquer outro produto florestal não madeireiro”. “O convênio para coleta de sementes veio trazer essa diversificação e autonomia financeira para a cooperativa e também inserir e dar novas oportunidades para os cooperados. É uma atividade muito promissora que tem um mercado mais aberto em comparação a coleta da folha do jaborandi e que vem fomentar a renda dos cooperados. Sem falar na questão ambiental, em estar contribuindo para o reflorestamento e manter a floresta em pé”, comemora.

Recuperação planejada – Conforme as sementes é preparado um mix, que plantado recupera o verde em área antes utilizadas pela mineração. Todo trabalho de plantio é calculado com uso de espécies que atraem insetos, pássaros ou roedores, que estimulam a polinização e a dispersão das sementes, fazendo o verde tomar conta de todo cenário novamente. “Quem diria? Uma semente tão pequena se tornar uma lindeza. Uma árvore tão imponente. Tão importante. Um gigante! Porque é assim que eu vejo a floresta: um gigante”, diz  Ana.

Segundo a gerente de Meio Ambiente da Vale, Marlene Costa, é a essência do ciclo da vida. “O plantio contribui para o retorno das espécies de plantas típicas da região, o retorno dos animais do início ao topo da cadeia alimentar e, assim, a conservação de espécies nativas. O que contribui para a melhoria da qualidade da água e do ar, para o equilíbrio do ecossistema do planeta, para evitar a erosão e degradação do solo e combater os gases do efeito estufa, enfim um ciclo da vida, que beneficia a todos nós”, diz a gerente.

Saber natural com conhecimento científico 
Os cooperados também tem ampliado o conhecimento sobre a diversidade da Amazônia com capacitação para a identificação e mapeamento de plantas chamadas matrizes, de onde é coletada a semente.  Para a maioria das espécies, é acompanhado o ciclo de floração, frutificação e de dispersão de sementes, o que contribui para garantir uma variedade e qualidade das sementes a serem usadas no plantio.

“Isso vem agregar nas atividades que a gente desenvolve, porque hoje os cooperados tem o conhecimento tradicional, mateiro, que aliado a essa parceria com os treinamentos, vem nos proporcionar o conhecimento científico. Por exemplo, podemos conhecer uma planta aqui por um nome e em outra região ser outro, já a linguagem científica é única e universal. Também passamos a saber identificar, quando uma planta estará dispersando, o que vai dando propriedade, conhecimento diverso, o empoderamento dos cooperados nas atividades para o próprio negócio”, diz Ana.

A Coex é a única cooperativa que possui autorização do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) para execução da atividade de coleta de sementes na Flonaca. A Cooperativa também executa a atividade de coletas de folha do jaborandi. Desta espécie é extraída substância denominada pilocarpina, vendida pela Coex para empresas farmacêuticas para produção de colírio usado no combate ao glaucoma. O convênio com a Cooperativa foi estabelecido em 2017, desde então, a Vale adquire sementes da Cooperativa para as ações de reflorestamento.

Em 2019, a cooperativa também foi selecionada para o Programa de Aceleração de Negócios da PPA (Plataforma Parceiros pela Amazônia), apoiado pelo Fundo Vale, e tem recebido mentorias em gestão financeira e administrativa de negócios, logística, comercialização, marketing e mensuração de impacto. Além disso, recebeu investimento por meio de empréstimo com condições facilitadas para conseguir dar um salto em suas operações. O Programa busca fortalecer o empreendedorismo na Amazônia e os negócios que trazem benefícios sociais e ambientais para a região.

vale.com

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