Áudios com rapidez, avatar, emojis, chamadas de vídeos e agora é possível até realizar transações financeiras pelo WhatsApp. O aplicativo de dezenas de funcionalidades, certamente é um dos mais usados, pelo menos entre os brasileiros. Contudo, nem sempre as pessoas usam a tecnologia para o bem.
E foi isso que a Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção a Pessoa de Cuiabá descobriu. Uma morte organizada pelo aplicativo.
Três suspeitos de cometerem o assassinato do empresário Toni da Silva Flor, de 38 anos, articularam tudo por videochamadas feitas pelo WhatsApp.
A vítima foi alvejada a tiros quando chegava a uma academia em Cuiabá, em 11 de agosto do ano passado. A morte do empresário renderia ao trio R$ 60 mil.
A mulher de Toni, a representante comercial Ana Cláudia Flor, foi presa temporariamente na quinta-feira (19), em Cuiabá, após investigações da PC-MT (Polícia Civil de Mato Grosso). Ela é suspeita de ser a mandante do crime, mas nega a participação no crime.
A investigação aponta que o empresário foi assassinado após descobrir que estava sendo traído, além disso, a esposa queria ficar com os bens dele.
No dia do crime, Toni da Silva Flor foi abordado por um homem no estacionamento de uma academia. O suspeito chegou ao local chamando a vítima pelo nome. Mesmo sem responder, o empresário foi atingido por cinco tiros de arma de fogo, segundo a polícia.
Mesmo baleado, Toni correu para dentro da academia e foi socorrido. Ele foi encaminhado para o Hospital Municipal de Cuiabá, onde foi operado, mas morreu dois dias depois.
No dia que a mulher do empresário foi detida, a polícia cumpriu ainda três mandados de prisão temporária, incluindo a prisão dela, e cinco mandados de busca e apreensão expedidas pela 12ª Vara Criminal de Cuiabá. Aparelhos de telefone celular, agendas e outros objetos foram apreendidos também, para dar continuidade nas investigações sobre o crime.
TUDO POR VIDEOCHAMADA
De acordo com a polícia, o assassinato de Toni da Silva Flor já foi elucidado depois da prisão de Igor Espinosa, de 26 anos, na semana passada. O preso confessou durante a oitiva ter atirado e matado o empresário a mando de Ana Cláudia Flor, e que após o crime fez uma videochamada para informar o atentado contra a vítima, disse a Polícia Civil.
“O crime foi acertado por uma videochamada entre dois intermediários e a mandante, onde ficou acertado o valor de R$ 60 mil pela morte do empresário. Parte do valor, R$ 20 mil, foi pago após o crime a um dos intermediários, sendo entregue em um envelope, nas proximidades do bairro Alvorada e posteriormente passados ao executor, que viajou com o dinheiro para o Rio de Janeiro”.
Ao relatar as informações, o preso ainda disse que um amigo de Ana Cláudia, que não teve o nome divulgado, entregou uma arma de fogo para matar o empresário. Em seguida, esse intermediário se desfez da arma ao jogá-la no lago do Manso.
“O restante do valor combinado pela empreitada criminosa não foi pago”, disse a polícia.
INVESTIGAÇÕES
A informação do delegado Marcel Oliveira é que desde o início das investigações já existia a suspeita de que a mulher do empresário seria a mandante do crime, porém, “era necessário reunir os elementos que corroborassem para as informações anônimas”.
O delegado destacou a regularidade com que Ana Cláudia ia à delegacia para saber como estavam as investigações e sempre perguntava se já havia sido descoberto o mandante do crime.
As investigações apontam dois motivos para o envolvimento da mulher do empresário no crime: Ana Cláudia teria muitos amantes, e o marido havia descoberto as traições; e ela teria intenção de herdar os bens do empresário.
“Uma vez que a vítima possuía uma representação comercial muito forte, abastecendo vários supermercados da cidade, ser financeiramente estável e possuir casa, carro, moto, dinheiro na poupança, etc”, ressaltou a polícia.
O delegado destaca ainda que, mesmo com a confissão dos demais envolvidos, que apontaram a mandante do crime, a investigada negou o envolvimento.
“Ela negou tudo que foi perguntado. Negou que conhecia os três e as investigações seguem em andamento. As prisões são temporárias, mas com a conclusão dos trabalhos deverão ser convertidas em preventivas”.
Nas redes sociais, era possível encontrar declarações de amor de Ana Cláudia Flor ao marido que fazia homenagens póstumas em datas importantes, como o Dia dos Namorados.
“Estaremos sempre juntos, de uma maneira ou de outra, nada irá nos separar. Seja nas orações, nos pensamentos, recordações, irei guarda-lo sempre em mim, meu eterno amor!”, escreveu Ana Cláudia em uma publicação no Instagram.
Cinco meses após a morte do marido, Ana Claudia publicou que sentia falta dele e que estava com saudades.
“Nesses cinco meses sem você, eu experimentei a dor maior que o ser humano pode conhecer: a saudade. Senti e sinto sua falta todos os dias e todas as noites, em todos os instantes”, escreveu Flor.
Dol.com