Fêmea da espécie macaco-aranha-de-testa-branca, que vivia acorrentada, foi resgatada no Mato Grosso e encaminhada para o parque em Carajás
Parauapebas, 10 de setembro de 2021 – “Uma segunda chance!” É assim que o biólogo do Parque Zoobotânico Vale (PZV), Tarcísio Rodrigues, fala sobre a chegada da macaca Chicó, uma fêmea da espécie macaco-aranha-de-testa-branca, vítima de maus tratos, que foi mantida durante 20 anos acorrentada em uma propriedade rural, no estado do Mato Grosso. O animal foi resgatado e agora convive em recinto com outros macacos da sua mesma espécie.
A macaca Chicó ficou acorrentada anos em uma propriedade em Mato Grosso. Resgatada, ela agora convive solta com outros da espécie no Parque Zoobotânico Vale, em Carajás
Chicó iniciou a reabilitação no hospital veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e desde que chegou ao PZV, em julho desse ano, tem recebido todos os cuidados médicos veterinários, além de acompanhamento para reabilitação. “Criar animais silvestres sem autorização é crime! A Chicó é uma espécie de primata, endêmica da Amazônia, que está ameaçada de extinção. Ficou tanto tempo sob cuidados humanos que não há mais condição para ser reintegrada na natureza. Nesse sentido, o zoológico se torna a segunda chance para ela”, destaca Rodrigues.
O trabalho da equipe do parque foi estimular Chicó a voltar a ter comportamento de um primata. Na foto, ela começa a escalar o poleiro
Além dos cuidados veterinários e a alimentação adequada, o trabalho da equipe do parque foi estimular Chicó a voltar a ter comportamento de um primata. “Apesar de ter chegado saudável, ela tinha um vínculo muito forte com humanos, muito dependente das pessoas e sempre que alguém se aproximava, ela pedia afago e carinho, e apresentava algumas dificuldades de locomoção. Agora ela já iniciou escaladas nos poleiros do recinto e está usando seus longos membros e sua calda preênsil para se mover”, ressalta o veterinário Nereston Camargo.
Após dois meses de acompanhamento da equipe multidisciplinar do PZV, envolvendo tratadores, biólogo e veterinário em área mais reservada, Chicó pôde finalmente agrupar com os indivíduos da espécie que ocupam recinto no parque. “Depois de passar por um período de quarentena para se adaptar ao novo lar, à rotina de alimentação e a nossa equipe, nós transferimos Chicó do setor de quarentena para a área de manejo do recinto da espécie, de forma a aproximá-la do grupo de macaco-aranha-de-testa-branca que já faz parte do plantel do parque. A tentativa foi um sucesso. Agora seguimos com a expectativa de gerar filhotes e contribuir com a conservação da espécie”, ressalta o biólogo Tarcísio.
Os animais que estão hoje no Parque Zoobotânico Vale, em Carajás, em grande parte foram entregues por órgãos ambientais, como o IBAMA, ICMBio e Secretarias de Meio Ambiente vindos de apreensões ou entrega voluntária de criações ilegais. Também vieram de permuta com outros zoológicos do país ou nasceram em cativeiro no próprio parque. No PZV, eles recebem acompanhamento diário dos tratadores de animais e atendimento veterinário. O parque também faz parte do programa nacional de conservação da espécie sob cuidados humanos, juntamente com a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB), ICMBio e MMA. Recentemente o parque enviou dois animais (onça-pintada melânica e urubu-rei) para o GramadoZoo, no Rio de Grande do Sul e uma onça-pintada melânica para o Parque Ecológico Municipal de Americana (SP). Parque Zoobotânico Vale O espaço contribui com a conservação das espécies, servindo como estoque genético e formando profissionais especializados para trabalhar em benefício da preservação da fauna e flora brasileiras, dentro do Programa de Manejo Reprodutivo para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção e Relevância Biológica. Em virtude da pandemia, o parque ainda permanece fechado para visitação. |
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